O Complexo Vulcânico Bahía Laura na zona do distrito mineiro Manantial Espejo
DOI:
https://doi.org/10.24215/25456377e092Palavras-chave:
Vulcanismo, Jurássico, Maciço do Deseado,Resumo
O levantamento geológico detalhado juntamente com a análise petrográfica e geoquímica das unidades litológicas estudadas na zona do distrito mineiro Manantial Espejo permitiu propor a evolução do vulcanismo jurássico na área do Maciço do Deseado (Província de Santa Cruz, Patagônia Argentina). Foram interpretados três ciclos de atividade vulcânica, favorecidos pela tectônica distensiva que dominou esta província geológica durante o Jurássico Médio a Superior. O primeiro, o Ciclo Vulcânico Inferior, corresponde à efusão de lavas de composição andesítica (Formação Bajo Pobre) com uma intercalação de arenitos tufíticos e níveis de aglomerados vulcânicos, produto de remoção em massa. A efusão destas lavas foi produzida sobre um embasamento conformado por xistos e granitos. O segundo, Ciclo Vulcânico Médio, inicia-se com um ignimbrito de composição dacítica, seguido por duas unidades de ignimbritos riolíticos, denominadas 1 e 2. O Ignimbrito dacítico e o Ignimbrito riolítico 2 são rochas com forte soldagem, texturas reomórficas e muito alta participação de cristaloclastos, características que indicam uma elevada temperatura de deposição a partir do colapso de colunas eruptivas de baixa altura, baixa energia relativa, elevada densidade e um baixo conteúdo de gases, originadas a partir de fontes tipo "boiling-over". O Ignimbrito riolítico 1, intercalado entre os anteriores, caracteriza-se por incluir grandes fragmentos líticos de natureza polimítica, correlaciona-se aos ignimbritos de extra-caldeira formados durante o colapso e erupção da Caldeira Cerro Primero de Abril, localizada ao norte do distrito Manantial Espejo, nas imediações de Mina Martha. Continua um período inter-eruptivo, durante o qual se depositam tufos e travertinos que evidenciam uma atividade hidrotermal do tipo ?hot spring? controlada por estruturas de sentido NNE e NNO a NO. O aporte de calor e a fonte de CO2 do sistema geotérmico estariam vinculados à desgaseificação de um novo pulso de magma riolítico que marca o início do Ciclo Vulcânico Superior, e que teria ascendido através do mesmo sistema extensional, evidenciado por diques riolíticos de sentido NNO. A ascensão de lavas riolíticas deu lugar à formação de dois centros vulcânicos, o Centro Vulcânico Norte, composto por um complexo extrusivo de domos riolíticos com depósitos de colapso tipo block and ash, e o Centro Vulcânico Sur com o desenvolvimento de uma complexa associação de facies que sugerem que se tratou de uma erupção do tipo hidromagmática, com a formação de um dispositivo vulcânico do tipo maar-diatrema ao qual se associa um depósito de brecha constituída por fragmentos de lava acompanhados por quantidades subordinadas de litoclastos de ignimbritos, tufos e rochas laminadas silicificadas. Associado a este evento explosivo, reconheceu-se um depósito de tufo de queda com lapilli acrecionais que apontam também a uma provável origem hidromagmática. A interação entre o magma e a água líquida superaquecida teria sido responsável pela geração desta erupção. Após um curto período de calma vulcânica, a continuidade no regime deformacional distensivo permitiu novas ascensões de magmas com a geração de novas unidades de ignimbritos riolíticos de características semelhantes às do segundo ciclo. O vulcanismo andesítico a riolítico da região pertence a uma série cálcio-alcalina de moderado a alto potássio, com afinidades de arco, majoritariamente peraluminosas e subalcalinas. Dentro deste esquema, o Ciclo Vulcânico Inferior é de composição claramente andesítica, o Ciclo Vulcânico Médio registra a evolução dos magmas de dacitos a riolitos e, por último, o Ciclo Vulcânico Superior é tipicamente riolítico em composição.Referências
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