A paleontologia dos invertebrados na Revista del Museu de La Plata: 1891-2018

Resumo

O número e o conteúdo dos trabalhos sobre Paleontologia de Invertebrados publicados pela Revista del Museo de La Plata (RMLP) correlacionam-se diretamente com o desenvolvimento da disciplina no contexto institucional. Distinguem-se quatro períodos: o período de fundação (entre 1884 e 1905), o primeiro período universitário (entre 1906 e 1934), o período da Divisão de Paleozoologia Invertebrados e Paleobotânica (entre 1934 e 1966) e o da Divisão de Paleozoologia Invertebrados (entre 1966 e a atualidade). Entre 1890, ano em que se instalou a imprensa no Museu, onde a partir desse mesmo ano começaria a ser impressa a RMLP, e 1905, ano em que o Museu passou a depender da Universidad Nacional de La Plata, as publicações institucionais foram caracterizadas pela qualidade de seu design e impressão. Nesse primeiro período, a RMLP e os Anales del Museo de La Plata constituíram a mídia nacional quase exclusiva para divulgar os estudos realizados no Museu sobre faunas de invertebrados do país. Santiago Roth contribuiu notavelmente com suas descobertas de importantes depósitos de invertebrados fósseis, alguns dos quais foram estudados por C. Burckhardt. No segundo período, que compreende os quinze anos seguintes à incorporação do Museu à Universidad Nacional de La Plata, não houve novas publicações sobre invertebrados fósseis na RMLP. Somente entre 1922 e 1930 apareceriam na revista menções a invertebrados fósseis relacionados às pesquisas de W. Schiller e S. Roth. Em 1934 J. Frenguelli foi nomeado Secretário e em 1935 Diretor do Instituto del Museo, e durante sua gestão renovou-se a qualidade e periodicidade das publicações existentes. A RMLP, com um total de 34 volumes publicados, teve continuidade como uma nova série e atingiu nessa época seu máximo esplendor, não somente pela qualidade e quantidade das obras, mas também pela impressão, bem como pela regularidade de sua apresentação. Um grupo de três pesquisadores do Museu, E. Fossa Mancini, H. J. Harrington e A. F. Leanza, e outros de fora da instituição, publicaram vários artigos na RMLP sobre invertebrados paleo e mesozóicos. A produção científica do Museu na década de 1950 foi pouco notória. Finalmente, em 1966, concretizou-se a separação da Divisão Paleozoologia Invertebrados e Paleobotânica em duas divisões, e quando A. J. Amos assumiu a chefia da Divisão Paleozoologia Invertebrados iniciou-se a quarta etapa. Amos reuniu uma equipe de pesquisadores, que se dedicaram preferencialmente ao estudo da fauna e da estratigrafia do Paleozóico. No entanto, toda essa atividade foi refletida apenas parcialmente nos artigos publicados na RMLP. Os trabalhos nela incluídos correspondiam principalmente a teses de doutorado que, pela sua extensão, não eram facilmente publicáveis em outros meios. Na década de 1970 houve uma falta de continuidade nas pesquisas e nas publicações institucionais, de forma que em 1974 e 1975 nenhum número da RMLP foi publicado e no restante da década o fluxo foi irregular, por mais de dez anos não foram publicados trabalhos sobre invertebrados fósseis e na década de 1980 apenas quatro artigos sobre este assunto foram publicados. A partir do final da década de 1980 e durante as duas décadas seguintes, não houve uma política institucional definida sobre as publicações do Museu. Sobre Paleontologia somente cinco trabalhos foram publicados entre 1990 e 1992, apenas um deles sobre invertebrados. Em 2012 foram publicados seis trabalhos sobre Ch. Darwin, alguns dos quais faziam referência a invertebrados fósseis. A partir de 2016, a RMLP abandonou o formato que a Nova Série mantinha desde 1936 e iniciou uma nova numeração com um único volume por ano, no qual foram incluídos indistintamente obras das diferentes orientações das ciências naturais. Nesta nova revista, foi publicado apenas um trabalho sobre invertebrados fósseis, embora um volume com trabalhos dedicados à História da Geologia incluísse alguns trabalhos com aspectos históricos da paleontologia de invertebrados na Argentina. A RMLP também dedicou um número à história da participação de pesquisadores de origem russa, inclusive paleontólogos, nas atividades desenvolvidas na América Latina. Palavras-chave: História, Publicações, Fósseis, Fanerozóico, Argentina